O nosso ofício é sermos o objeto do vosso intuito.
Satisfazem-se do corpo, escurecendo-nos a alma.
Tocam-me dezenas de mãos anónimas por dia, varia o toque,
o cheiro,
a respiração,
a simpatia,
a educação,
o estereótipo,
mas assim como para mim todos são Pedro,
para eles eu sou um orgasmo, não uma mulher,
este por exemplo, é alto e forte.
Esta vida, leva-nos ao mesmo preâmbulo, todos os dias, acordar, atender telemóvel e aguardar que chegue mais um Pedro.
E aí está ouço a campainha, eu já não possuo aquela inocência ou curiosidade de perguntar quem é, já sei, resta-me servi-lo.
Não pergunto nada, até porque esqueço o que em mim nada preenche.
Quanto vou ter que sacrificar meu corpo,
iludir-me com falsas amizades,
mudar de casa,
mudar de aspeto,
destruir autoestima,
para entender que existe um Mundo que não este.
Falo por mim,
quando digo que nem todas fazemos o mesmo ofício pelo dinheiro,
mas sim apenas para sentirmos que por momento alguém está ali connosco.
A solidão por vezes leva a abismos e vícios que nunca pensaríamos ter.
Se ao mesmo menos minha alma falasse……